quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Passos

Há tanto tempo encaro esse abismo aqui deitado, que sinto que esqueci como andar. Os meses turbulentos da minha vida já passaram, mas meu interior continua inquieto. Incontáveis dúvidas e intermináveis mágoas abertas borbulham dentro do meu peito. Eu não consigo esquecer, não consigo avançar. Não consigo mais sair daqui ou tomar um rumo qualquer que seja, mas apenas andar desnorteado. Deitado nessa beirada, eu sinto meus membros pesados e dormentes, servidos de uma indolência sem tamanho. Estou drogado, anestesiado pelas minhas angústias e contando os segundos que passam, um por um, para matar o infinito tempo que parece me restar.