terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Sight of a Dark Omen

Desculpem o título (enganoso) em inglês. Não escreverei na tal língua, rs. No presente momento, entretanto, quero apenas descarregar um peso do peito...



Enjoy it (=
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Eu sempre soube... Por mais que eu me iludisse, no fundo eu sabia. Havia algo errado. Sempre houve algo errado...

O tão único momento em que ela começou a falar. Nunca mais esquecerei do frio que congelou minha alma naquele exato minuto e as igualmente frias palavras que me perfuraram. Aos poucos, toda a minha vida com ela, que passava como um filme em minha mente, diluia-se, borrava, maculava. Era uma história manchada com traição.

Havia cerca de dois anos, quando ela se relacionava com um cara e há mais de um ano ela se relaciona comigo, o que tecnicamente me faz "o outro". Contudo, eu e ele sequer sabíamos da existência um do outro. Éramos namorados de uma mesma pessoa, idiotas numa mesma armadilha, que simplesmente amávamos o nosso algoz. Por mais de um ano, essa história foi sustentada. Por mais de um ano, vivi essa mentira.

Mas nada foi fingido! Nada foi ensaiado!, disse ela para mim. Não. Minha vida... Nossa vida. Tudo era mentira. Você que não vê. Aquele sorvete que eu tomei com minha namorada, aquele filme que assisti com minha namorada, aquele passeio que dei com a minha namorada, aquele beijo que dei na minha namorada, aquele sorriso que compartilhei com minha namorada, aquele abraço que dei na minha namorada... Nada disso aconteceu. Nada... Nada. Absolutamente nada, pois simplesmente nunca existiu "minha namorada". Era tudo apenas mentira, ilusão, um castelo sobre a areia da mentira.

Às vezes me pergunto... Como teve a coragem de sair comigo sem sequer esperar o cheiro dele sair da sua pele?

Ao fim da história que me contava, todas as peças se encaixaram na minha mente e as engrenagens da máquina que iria me torturar começaram a girar. Desculpas tortas, entonações hesitantes... Tudo. O quanto mais você mentiu? O que mais você esconde de mim? Qual a sensação de brincar com meus sentimentos? Foi difícil tirar o resto de confiança que ficou na sola do seu sapato? Meu coração está partido. Meu peito está dilacerado. Eu te amei tanto, cuidei tanto de você, lutei tanto por você, limpei as suas lágrimas, chorei suas feridas... Pra isso? Para você viver essa vida dupla, enganando-me até nas coisas mais banais? Eu significo tão pouco pra você?

Passei noites desenhando seu rosto para dizer que te amava, enquanto nessas mesmas noites você compartilhava a cama com outro. Você me deu um falso presente, vestido de cumplicidade e amor, mas que escondia uma grande mentira: Nada estava naquela embalagem, enquanto que eu vivi e compartilhei do presente que eu havia trazido pra você. E, enquanto isso, você agradecia freneticamente à entidade que te ajudou a me fazer de idiota. Por quê? Por que você fez isso comigo? Que mal eu te fiz?

Não tenho mais esperanças do nosso futuro. Ou melhor, não consigo ter. Os ventos dessa história que me contou carregaram para longe as nossas pétalas, nossas boas memórias, nossa vitalidade, nossa água, de forma que em nossa perspectiva existe apenas um enorme deserto regado a lágrimas secas. Aridez, dor, miragens e alucinações, morbidez e morte foram tudo o que restou de um antigo campo florido. A felicidade que construí com você foi roubada para sempre. Você me fez acreditar em nós! Nós! Nosso amor!

... Entretanto, "nós" nunca existiu...

E agora? O que faço com o amor manchado que nutri por você todo esse tempo? É grande demais para ser simplesmente jogado no lixo, o mesmo que usou para me machucar. Como vou olhar nos seus olhos e não lembrar desse mal que me fez, dessa lâmina que me cravou? Você disse que, no meio disso tudo, pelo menos o seu amor era verdadeiro... Porém não é puramente de amor que se constrói uma vida juntos. Além disso, que verdade existe nessas palavras? Como eu algum dia poderei confiar em você novamente, se tudo que me disse até hoje era mentira? Como poderemos dormir juntos se nem sequer estômago eu tenho para minimamente te tocar? Na verdade, qualquer vitalidade que eu tinha já foi tomada de mim. Eu já estou meio morto para você. Muito morto, aliás. Muito morto, pois vendi parte do meu peito pro demônio que me permitisse te dar uma segunda chance e, assim, não tenho mais forças ou vontade para lutar por nós. Entretanto... Mesmo à beira da minha morte, essa é a segunda chance a qual você sequer está usando...


(=

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